A Biblioteca de Babel é um conto metafísico de Jorge Luis Borges, e fala sobre uma realidade em que o universo é constituído por uma biblioteca infindável, abrigando uma infinidade de livros. O narrador supõe que os volumes da biblioteca contêm todas as possibilidades da realidade e relata a busca eterna e incessante daqueles que perdem a vida entre corredores para encontrar o livro dos livros, o conhecimento do todo. Uma das interpretações do conto, porque são infinitas assim como a Biblioteca, é a grande metáfora em que mundo e a escrita se confundem. Ler um texto é tentar decifrá-lo, mas se considerarmos que o próprio mundo está impregnado de linguagem, a própria realidade pode ser considerada como uma grande biblioteca cheia de textos à espera de quem os decifre. Vilém Flusser ressalta nossa alienação por criar símbolos e ordená-los em códigos para conseguirmos comunicar e expor o abismo entre nós e o mundo. Sociedade da informação e da busca frenética por respostas rápidas, tudo isso intensificado em tempos de isolamento social, o conto é uma grande homenagem à palavra, pois, como disse meu amigo filósofo @leonardo.araujooliveira , se a Biblioteca é o Universo, só conseguimos discutir isso à partir da PALAVRA. ... O conto descreve detalhes da Biblioteca, como sua estrutura em hexágonos em desdobramentos, escadas em espirais, prateleiras com 32 livros, cada livro com 410 páginas, cada página com 40 linhas, cada linha, 80 letras impressas na cor negra. Por isso a primeira versão da estampa é em preto e branco, com os 25 caracteres, ponto, vírgula e espaço. A relação com a estrutura DNA, com as galáxias, com o efeito em cascata que se torna um padrão de repetição: tudo torna a ser uma coisa só, mesmo conceito de rapport. Mas a segunda versão, em cores, tento trazer o conto para a era digital, a necessidade da comunicação em rede dando prioridade às camadas superficiais de imagens, deixando muitas vezes a palavra em segundo plano. E também, porque eu sou eu e só consigo me comunicar através da cor.